Entrevista – Cassete

Entrevista – Cassete

Perguntas e Respostas sobre o Cassete

O NOME

K7 ou Cassete?

A forma de escrever com o K e o número sete provavelmente foi uma abrasileirada que deram para se referir ao produto. O correto é cassete em português e com dois Ts na língua inglesa.

O OCASO DO CASSETE

O que fez o cassete se extinguir completamente nos anos 1980?

O cassete foi o primeiro exemplo de mídia musical 100% aniquilada pela pirataria. Depois de atingir seu auge, um estrondoso sucesso nos anos 1970, a ação predatória dos piratas fez com que o formato desaparecesse totalmente, de forma semelhante ao que ocorreu com o CD e o próprio DVD. Sem a concorrência do cassete, o vinil prosperou e ocupou o posto de principal formato, até que o CD apareceu e tomou o reinado.

A VOLTA DO CASSETE

Por que reativar o cassete em um mundo cada vez mais digital?

Pelas mesmas razões que motivaram a equipe da Polysom a reativar o vinil no Brasil: viabilizar a existência de mais um meio de ouvir música.

O que pode haver de tão interessante nessa reativação do cassete?

Não se sabe ao certo. Sabe-se apenas que são razões completamente distintas das que fizeram com que  vinil retornasse, uma vez que as características das mídias são completamente diferentes umas das outras.

Como têm sido as reações ao projeto?

A princípio, achava-se que não haveria muita reação, ao menos que elas ficariam longe daquele frisson que ocorreu quando foi anunciada a volta do vinil. Mas muitas pessoas estão declarando sua vontade de voltar a ouvir cassetes. É impressionante o que está ocorrendo em termos de reação.

A Polysom acredita que os Artistas terão os mesmos desejos de ter suas obras editadas em cassete como ocorreu com o vinil?

Eles são os primeiros a colocar carga no projeto. Os mesmos que apadrinharam o vinil, como a Pitty, que é uma espécie de madrinha da Polysom, mostram uma imensa empolgação com o cassete.

QUALIDADE

Fala-se muito que o cassete não tem qualidade. Isso procede?

Esse assunto é bastante complexo, porque envolve todas as fases pelas quais passa o cassete, desde a duplicação até a audição final. Quando o projeto foi iniciado pela Polysom, decidiu-se que uma fita cassete de John Frusciante comprada no exterior seria a referência: se fosse conseguido fazer um cassete com aquela qualidade, o projeto iria em frente. Caso contrário, seria interrompido. Acontece que, com o auxílio luxuoso do engenheiro Milton Lange, que está recuperando todas as máquinas e dando aulas de otimismo e dedicação, a Polysom está apta a produzir cassetes excepcionais. Os testes foram excelentes. E o Milton ainda presta um serviço a mais ao formato porque ele não aceita que digam que o cassete é algo de qualidade inferior e prova a cada minuto que está certo. O que não se pode perder de vista é que se trata de um formato muito específico. Como bem disse o Marcelo Gross, da banda Cachorro Grande, um dos muitos incentivadores do formato: “Cassete não é para ter som de CD. Cassete tem som de fita!!!”.

E quanto aos tocadores de cassete?

Aí entra uma segunda questão a respeito da qualidade. De nada vai adiantar produzir cassetes com bom som se as máquinas de reprodução não estiverem alinhadas ou com suas partes mecânicas funcionando adequadamente. A maioria dos equipamentos existentes é muito antiga e de pouco uso, podendo causar intensas variações em seu resultado auditivo.

Essa seria a maior preocupação nessa retomada?

Sim, o topo das preocupações está nos aparelhos de reprodução disponíveis. Os que já existem estão velhos, desalinhados, com problemas de rotação causados pelas correias deterioradas, com cabeças velhas e rolopressores (pinch rollers, aquelas borrachas por onde correm as fitas) ressecados, cristalizados. E a manutenção desses aparelhos é extremamente complicada, pela falta de peças e pessoal especializado. Mas, felizmente está ocorrendo um movimento igual ao ocorrido com o vinil. Na época em que a produção brasileira foi reiniciada, só havia 1 ou 2 fabricantes de toca discos; hoje podem ser computadas mais de 20 marcas, a grande maioria com excelente qualidade. No caso do cassete, as boas notícias vêm da Tascam e da Marantz, dois mitos da história da fabricação de cassete decks, que já estão produzindo modelos novos, inclusive com saída USB. Acredita-se que eles possam ser uma boa solução para os dias de hoje, em que o grau de exigência por qualidade é bem maior.

O que pode fazer o ouvinte para evitar os problemas?

Alguns fatores podem influenciar diretamente e causar som abafado, variações de áudio ou diminuição de volume. São inúmeros os casos em que esses problemas são solucionados com a simples limpeza das cabeças de reprodução, de preferência com utilização de cotonete macio e álcool isopropílico.

Alguns problemas mecânicos podem ser resolvidos com a limpeza frequente dos rolopressores (pinch rollers), as pequenas rodinhas emborrachadas. Nesse caso, a limpeza se faz simplesmente com um cotonete e água.

Infelizmente, em alguns casos o problema é de difícil ou nenhuma solução, especialmente aqueles em que o material do equipamento de reprodução apresenta fadiga e corrosão pelo tempo, sendo bastante comum a deterioração de correias (belts), que impede a adequada operação mecânica dos motores.

MERCADO

O cassete tem espaço no mercado de hoje, tomado pela tecnologia digital?

Da mesma forma que o vinil, parte-se da teoria de contrastes e chega-se à conclusão de que sim, ele terá espaço e justamente porque o mundo que está no outro extremo é muito cibernético. Repetem-se aqui os exemplos de romance, tradição e saudosismo, que sempre fazem bem. Assim como o vinil, o cassete não irá substituir nada, mas será  uma opção a mais para se reproduzir música.

Há previsões sobre o potencial de vendas?

Nenhuma. Essa é uma situação completamente imponderável. Só o tempo dirá o tamanho disso tudo.

Mas há informações sobre vendas no exterior?

Também não. Sabe-se de alguns lançamentos que vêm ocorrendo, mas não se sabe nada sobre as vendas.

MAQUINÁRIO

Que equipamentos serão utilizados para a duplicação?

Serão 3 sistemas distintos, dois com máquinas profissionais Otari e um com máquinas profissionais Kaba Research. São equipamentos antigos e descontinuados por seus fabricantes, mas de excelente qualidade. E Milton Lange está fazendo um engenhoso trabalho de recuperação e trazendo de volta toda a confiabilidade dessas icônicas marcas.

PROPRIEDADE INTELECTUAL

Como a Polysom pretende atuar para que nenhum dos produtos fabricados tenham conteúdos inapropriados ou de propriedade duvidosa?

Da mesma forma que já atua com o vinil, colocando-se rigorosamente contra qualquer ação desalinhada com o respeito à propriedade intelectual, através de meticulosos mecanismos e documentação apropriada para que se evite qualquer deslize nessa área.

QUANTIDADE MÍNIMA

A quantidade mínima será a mesma estabelecida para o vinil?

Não, o cassete é um produto completamente diferente do vinil. Não se trata de uma fabricação, mas sim de duplicação de áudios a partir de cassetes comprados prontos. E o público do formato é muito menor, ao menos nesse começo. Assim, a quantidade mínima será de 50 unidades e serão atendidos múltiplos de 50.

ESPECIFICAÇÕES

Como serão os formatos disponibilizados?

Os cassetes terão rótulos até 4 cores e serão obrigatoriamente fornecidos em caixas plásticas, por questões de proteção. Os encartes serão opcionais e poderão ter de 2 a 6 lâminas, em 4 cores nas duas faces. A plastificação externa (shrink) também será opcional.

E serão duplicados cassetes coloridos?

Sim, há uma paleta de cores disponível para consulta no site, assim como se pode fazer lá o orçamento para diferentes configurações, da mesma forma que se faz para o vinil. A produção escolhida dependerá da disponibilidade daquela cor naquele momento.

PRODUÇÃO

Qual a capacidade de duplicação dos cassetes pela Polysom?

Ilimitada, uma vez que os processos são bem menos complexos do que a fabricação de vinil.

LANÇAMENTOS

A Polysom lançará cassetes com títulos licenciados, assim como faz com o vinil?

A ideia é essa e vai depender do apoio das grandes gravadoras para licenciar seus títulos. Mas a equipe está confiante que todos apoiarão, assim como apoiaram com licenciamentos para vinil.

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