A Produção do Vinil

A Produção do Vinil

Um pequeno guia do mágico processo que faz música de qualidade ser reproduzida em bolachas de petróleo

 

O processo de produção é bastante complexo e envolve fundamentos de propagação sonora, química, mecânica, física e hidráulica. Mas ainda assim vale uma tentativa de narrá-lo aqui, com a ajuda das fotos registradas na Polysom por Daryan Dornelles.

CORTE DE ACETATO

 

Primeiro estágio na produção do vinil, é o processo pelo qual o áudio é transcrito para os sulcos do acetato. É quando a informação magnética (ou elétrica) contida no master é convertida em informação mecânica (sulcos do disco). O áudio entregue pelo cliente é analisado atentamente pelo operador do corte de acetato para verificar se atende aos princípios básicos para um corte sem distorções ou “pulos”. Algumas coisas podem ser corrigidas por ele mesmo, no momento do corte, outras não. O correto é que o áudio não sofra alterações, mas algumas vezes é necessário que o operador atenue excessos de frequências altas e/ou baixas, ou corrija a fase pela utilização de um equalizador elíptico. O corte propriamente dito é feito através da emissão de uma sinal digital que é convertido em uma onda análoga até chegar a um torno especial, onde uma cabeça de corte, montada com uma agulha de safira, corta os sulcos através de vibração na superfície do acetato, enquanto este gira.

Torno de corte Neumann VMS70.

Visão geral do corte: o torno (VMS 70) à esquerda, a mesa de operação e equalização (SP 272)  à direita e o rack (SAL 74B) ao centro.

O operador William Carvalho verifica no microscópio a forma do sulco.

Detalhe da Mesa Neumann SP272

GALVANOPLASTIA

 

Processo para se obter as matrizes metálicas que irão para as prensas hidráulicas. Na galvanoplastia, os acetatos passam por vários processos até terem a superfície gravada coberta por um banho de prata (um dos momentos mais bonitos em uma fábrica de discos), que cria uma camada metálica muito fina sobre a superfície gravada. A finalidade desse processo é tornar o acetato condutor elétrico, atuando como catodo, para ser possível a deposição eletrolítica de níquel (anodo). Em seguida, são colocados em um primeiro banho de sulfamato de níquel, que, por suas características especiais, é chamado de “Banho Flash”. Após cerca de 40 minutos de processamento por eletrólise, a peça é transferida para outro banho de sulfamato de níquel, com outros parâmetros, chamado de “Banho de Engrossamento”, onde, depois de duas horas, é gerada a primeira peça metálica, um negativo do disco chamado “Original” (“Father”, em inglês). Este original, depois de passar por outros processos, volta ao Banho de Engrossamento para gerar a segunda peça metálica, a “Madre” (“Mother”), que é ouvida com uma agulha especial para se verificar sua integridade e se não há ruídos provenientes da deposição de impurezas. Uma vez aprovada, ela volta ao Banho de Engrossamento para gerar a “Matriz” (“Stamper” ou “Son”), que será perfilada na borda e no centro para ser colocada nas prensas (uma para cada lado do disco).

Há informações de que o processo de galvanoplastia para a produção de matrizes foi implementado em 1922.

O operador de galvanoplastia Cláudio Moura perfila a matriz.

O prensor William Reis verifica visualmente o disco que acabou de prensar

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Visão interna de uma pastilha, por onde passam vapor e água fria

Visão geral das
prensas da Polysom

Rebarba do disco é retirada através do corte da borda.

Caldeira ATA 9, que fornece o vapor para as prensas

O chefe de produção Nilton Rocha ajusta a pastilha

CONTROLE DE QUALIDADE

O disco é analisado pelo
Controle de Qualidade.

Durante todo o processo de prensagem, o Controle de Qualidade (CQ) verifica os discos visual e auditivamente. Para o exame visual, o operador de CQ pode se utilizar de uma lâmpada de ultravioleta (UV) para verificar se a massa está “queimada” e de uma lâmpada photoflood ou equivalente para verificação de manchas e homegeneidade da mistura.

Em termos de audição, estima-se que, ao final de uma produção, um a cada 100 discos é ouvido integralmente.

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